Comentar, pra quê?
Eu
sei que, aqui, muitos não vão nem ler isso. Porque o que se lê por aqui é
tão-somente aquilo que já está dito e colado, a partir uma “verdade” oculta
advinda d’um discurso de fácil “degustação”. O já-dito é compartilhado, e o não-dito
é denunciado. Afinal, o que “vale” é a (re)produção e a não-produção do
pensamento. É a aceitação virtual dos discursos pré-fabricados. É válida,
ainda, a (re)colocação da Massa
contra a (mal)dita minoria sufocante. Eles repetem, e
repetem com todo fervor; e assim também repetirei (só para re-petir esse eco
delirante):
O
comentário é uma espécie de discurso
segundo a duplicar o discurso comentado, buscando fazer surgir alguma verdade implícita no dito explícito do discurso primeiro. Supõe, por um lado,
alguma origem mais remota a ser reencontrada e um sentido oculto a ser decifrado; e supõe, por outro lado, que
esta origem e este sentido – mais essencial e, ao mesmo tempo, mudo – de algum modo atravessam o sentido explícito, nele dormitam, a fim
de que possam ser trazidos à luz pelo
comentário. (MUCHAIL, Salma Tannus. Foucault,
simplesmente: Textos reunidos. São Paulo: Loyola, 2004. p 11 – grifos meus).
A motivação de escrever este texto, e
de apresentar esta citação (ex-citante), não poderá vir a ser definida por meio
de um comentário genérico. Nem eu mesmo, que já não sou mais o autor deste
texto, teria as condições possíveis de comentar a mim mesmo, como um reflexo
cadavérico no espelho, e me perder na não-busca
pela origem do que jamais fora dito.
Lembremo-nos das aulas de lógica formal, pois eu não me lembro. E não tenho dito...
Eduardo
Bento
MMXIV
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