(Pablo Picasso)
EU-EGOÍSTA
Eu,
que sou a flor mais bela dos campos,
fiz
aquele homem sofrer as dores d’um parto;
arranquei-lhe
o coração e o inumei no mato.
Pobre
tolo que ousou acreditar no Amor a cair em prantos.
O
meu falso altruísmo ele acolheu em todos os cantos;
minha
safadeza o condenou ao Inferno, de fato;
deixei-o
nu na solidão com um pensamento inexato,
da
impotência em conquistar-me com outros mantos.
Transformei
a fome dele em total desgosto.
Retirei-lhe
a sede na intranquilidade de um ser exposto,
a se
perder no julgamento que eu mesma faço.
Sinto-me
enojada por ele ser tão odioso;
nem
se quer eu tive algum momento belo e gostoso.
E
procuro agora todos os amantes melhores que este cabaço.
Dona Bote-Rude